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Exposição de Cartunes pelo Ramal e Debate assinalam 111 anos da chegada do comboio à Lousã

O Trevim, quinzenário que completou meio século de edição, a 1 de outubro, tem sido um arauto de denúncia, reivindicação, alerta, intervenção, relativamente aos interesses dos lousanenses, onde se inclui de forma pertinente a causa do comboio, injustamente roubado à população e à região.

O Ramal da Lousã foi inaugurado a 16 de dezembro de 1906 e muitos são os testemunhos da época sobre a importância desse meio de transporte, a alegria e os festejos que soaram e troaram em toda a vila, animada pelas filarmónicas Lousanense e de Arganil, participando as autoridades de então do mesmo sentir e da mesma alegria. A vinda do comboio, colocou a Lousã num pódio de terceiro lugar a nível distrital, do qual faziam parte Coimbra e Figueira da Foz.

Num dos jornais de então (O Louzanense), este feito fez soltar a veia poética a um autor de nome Pompeu, que rezava nos tercetos do seu soneto: “… Locomotivas correm velozmente, / Por esses campos em recurvas linhas, / Fazendo estremecer o chão dormente… É o Progresso, a Vida que se avisinha, / E num silvo de colossal serpente, / Brada à Louzã: – Levanta-te e caminha!”

 

Abram os olhos todos os da Louzã!

 

Neste mesmo sentido, é oportuno transcrever (mantendo a grafia da época) parte da intervenção do Dr. Carlos Sacadura na chegada do comboio à Lousã:

“… podemos conseguir tudo quanto a nossa terra exige e carece desde já, ao entrar numa phase nova e completamente diferente da sua história. (…) é necessário acordarmos. É absolutamente indispensável que trabalhemos pela Louzã, onde – se não fora esta festa de domingo – se diria que todos dormem um profundíssimo sonno e, ninguém olha para os interesses locaes há uns poucos de anos.

A velha Louzã, pacífica e sonnolenta acabou, é preciso que todos o comprehendam desde já.

Temos uma Louzã nova, urgindo quanto antes por que a tornemos cada vez mais bela e maior, porque – sem nós sabermos – com isso melhor que com ferrugentos pés de meia, augmentaremos o património dos nossos filhos e de todos os que vierem depois de nós.

Abram os olhos todos os da Louzã!”

 

Passaram 111 anos desde esse memorável dia e houve quem, contrariamente ao Dr. Sacadura, quisesse que “todos os da Lousã” mergulhassem em “profundíssimo sono”, apatia e retrocesso em vez de progresso. Mas o Trevim não pode deixar que isso aconteça e para isso vai celebrar a data com a inauguração de uma exposição de “Cartunes pelo Ramal” (Humor Negro) e apresentação do respetivo catálogo, a que se segue uma Tribuna Pública / Debate. Será no Museu Municipal Álvaro Viana de Lemos, a partir das 15 horas de sábado, 16 de dezembro, numa iniciativa onde esperamos contar com a participação de todos os interessados.

Parafraseando Carlos Sacadura “Abram os olhos todos os da Lousã!”. Dia 2 de dezembro fez oito anos que nos roubaram o comboio, sem ele, o verso de Pompeu — “É o progresso, a vida que se avisinha,” — teria de ser alterado para: É o retrocesso, a morte que se instalou.

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Autor: Carlos A. Sêco

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