Patrícia Carvalho com Maria João Borges
O número flagrante de incêndios ocorridos durante este verão – considerado um dos mais quentes e secos – ainda hoje se faz sentir em todas as áreas afetadas pelas chamas. A Lousã não é exceção. Desde o grande incêndio de Pedrógão Grande que o turismo rural tem sentido uma reduzida afluência de apaixonados pela natureza.
O verão é dos períodos com maior procura dos ambientes serranos, como Francisco Henriques, colaborador na “Loja Aldeias do Xisto do Candal/Serra da Lousã”, referiu ao Trevim. Todavia, a envolvência natural e a aproximação da Lousã ao destino temido por todos, motivou avultado número de desistências. Segundo Francisco Henriques, durante o mês de agosto, apenas um terço dos visitantes se confirmou, tanto para visitar a aldeia como os trilhos e o restaurante “Sabores da Aldeia”, que em média serviu apenas três a quatro refeições por dia, contra 40 diariamente. Num mês de destaque no turismo, apenas apareceram aqueles que não tinham a real perceção da proximidade, ou não fizeram relação entre a estrada nacional 236 com a variante 236-1, conhecida atualmente como a “estrada da morte”, por nela terem falecido cerca de quatro dezenas de pessoas.
A aldeia da Cerdeira também foi afetada. Durante a ocorrência do incêndio de Pedrógão Grande, que deflagrou a 17 de junho, muitos visitantes abandonaram a aldeia sem cumprir com os períodos de reserva. Havia muito fumo e a informação era escassa. Movidas pelo medo, as pessoas deixaram a Serra da Lousã, verificando-se nas duas semanas seguintes, um abandono total, segundo Francisco Henriques.
“Procura atípica” reverteu
Filipa Alves de Almeida, proprietária da empresa de turismo rural “Talasnal Montanhas de Amor”, também não ficou indiferente ao impacto do incêndio de Pedrógão Grande. Das sete casas – cinco próprias e duas subarrendadas para o negócio – a lotação estava esgotada para todos os meses do verão. Durante e após o incêndio florestal mais mortal da história nacional, setenta por cento das reservas efetuadas foram adiadas e, noutros casos, até mesmo canceladas. As pessoas tinham medo, não se sentiam seguras nem motivadas para se deslocarem para zonas florestais. De momento a situação já normalizou, mas a tragédia veio afetar a procura do turismo rural que, este ano, estava com uma “procura atípica” pela positiva como a empresária partilhou com o Trevim.
Continua na edição impressa do Trevim n.º 1366
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