Patrícia Carvalho
Desde 2 de dezembro de 2009 que a estação ferroviária da Lousã não regista passagens de comboios. Já lá vai o tempo em que se realizavam nos dias úteis 3 dezenas de viagens diárias, nos dois sentidos, entre Serpins e Coimbra. O movimento de cidadãos “Lousã pelo Ramal”, na data em que há oito anos foi iniciado em Serpins o desmantelamento do centenário ramal ferroviário, dia 2, promoveu uma concentração-protesto, pelas 11:00, na estação da Lousã.
Na iniciativa foram reconhecidas as dificuldades e os sacrifícios realizados para a implementação do caminho-de-ferro na nossa região e lembrada a chegada do comboio à Lousã a 16 de dezembro de 1906, reportada pela imprensa local da altura como um dia de grande festa e de perspetivas para o futuro. Uma tarja agora afixada junto ao canal ferroviário abandonado lembra “Comboio da Lousã 110 anos” e reclama “devolvam o que nos roubaram!”
Insatisfeitos com as repetidas promessas e soluções apresentadas pelos responsáveis governamentais, o movimento de cidadãos continua a exigir a reposição urgente do transporte ferroviário entre Serpins e Coimbra Parque. Uma exigência apoiada pelo Movimento de Defesa do Ramal da Lousã e pelas mais de 8000 pessoas que em 2016 assinaram a petição então apresentada ao Parlamento e ao Governo, de iniciativa do Trevim e que deu origem a resoluções da Assembleia da República.
A devolução da mobilidade ferroviária é uma questão de justiça, como foi bem sublinhado neste protesto. Ao contrário do que afirmava a Metro Mondego com o slogan “estamos a unir concelhos”, Mário Sol enfatizou que este projeto só os tem afastado, prejudicando milhares de utentes e dificultando o desenvolvimento da nossa região. “Esta luta não pode continuar sem o apoio dos autarcas, que deviam estar ao lado das populações”, salientou Orlando Reis, reforçando a urgência do poder político local se aliar à luta dos utentes para recuperar este importante meio de transporte.
Neste âmbito, foi recordado que este Governo tem manifestado interesse em apostar na ferrovia, fazendo repetida alusão a um investimento de 2 mil milhões de euros até 2020, através de fundos comunitários. Com o crescente reconhecimento europeu e nacional da ferrovia como um serviço moderno e necessário, tanto para o transporte de pessoas como de mercadorias, há legitimidade para reclamar a reposição do comboio. Aproveitando os financiamentos disponíveis, “o Ramal da Lousã tem de ser prioridade nos investimentos ferroviários para fazer-se justiça”, defendeu Álvaro Francisco. Uma vez que “há dinheiro, só precisamos de vontades políticas”, reforçou.
O movimento “Lousã pelo Ramal” não aceita que o chamado “metrobus” seja uma solução com credibilidade para esta linha, como sublinhou Pedro Curvelo, por isso as manifestações de descontentamento são para continuar. E, nas palavras de Maria Garção Nunes, “a causa só é perdida, quando deixarmos de lutar por ela e deixarmos de insistir com quem tem poder”.
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