“Voice Master” não basta
‘Cartunes pelo Ramal’, no Museu Álvaro Viana de Lemos, foi exposição, livro e debate; tudo a pretexto dos 111 anos do início do comboio da Lousã e em torno da causa que pugna pelo seu regresso.
A exposição, com abordagem ao tema pela via satírica, teve ‘casa cheia’; mas o restante programa contou com um pouco menos de participantes. Contudo, seria a vertente ‘Debate’ aquilo que se nos afigurava como mais necessidade de participações. Porquê esta diminuição de adesão? Não sei; os presentes estavam com os minutos contados e sem mais tempo que não fosse o da contemplação dos desenhos emoldurados? Ou: Não se aperceberam de que o programa continuava na sala ao lado? Acredito mais no lusitano comodismo ‘não-te-rales’ de quem subestima a sua própria importância no funcionamento da sociedade, alimentando a convicção de que outros tratarão ‘do assunto’.
Este défice de sentimento gregário, esta demissão, esta constante delegação nos outros, é o maná de que se alimentam aqueles que, eleitos, desejam a nossa passividade, para mais à vontade nos comerem as papas na careca, impingindo-nos gato por lebre; se não por ‘simples’ ignorância deles, talvez por seu ‘puro’ sentido de negócio, se não venal, pelo menos economicista de poupança a médio prazo à custa da hipoteca dos interesses das populações, as de hoje e as do futuro.
Costuma dizer-se que “só cá faziam falta os que cá estão”, mas isso não é verdade. Os que vieram ao debate, cumpriram! Quem fez falta foram os que não vieram; ou os que, tendo vindo ao museu, se bastaram pela contemplação dos cartoons, não se tendo dado à maçada de engrossar a plateia do auditório. Acreditarão eles que lhes (nos) bastará a representatividade do edil, que não se esqueceu de lembrar António Costa, no passado fim-de-semana, da necessidade de uma solução para o Ramal da Lousã? Mas esta questão não se resolve com venerandas palavras de circunstância ao estilo ‘voice master’, palavras que o vento leva. Quando formos muitos, numa reivindicação de base, convicta e firme, então sim, estaremos mais próximos da solução que desejamos.
José Oliveira
0 Comentários