O Trevim, que nesta edição celebra 55 anos, nasceu como projeto de informação e cultura e assim tem procurado afirmar-se desde 1967.
Foram seus criadores Pedro Malta, Fortunato Almeida, José Redondo, Rui Fernandes, José Luís Duarte, António Neves Ribeiro e João Silva.
Destes, os dois últimos já nos deixaram, depois de terem dado muito de si a este jornal.
Aos sete, neste mais de meio século agora reforçado, se foram juntando dezenas e dezenas de obreiros de uma publicação concebida como “voz nova para uma Lousã renovada”, que se assumiu como elo de ligação à diáspora, com assinantes em dezenas de países.
O Trevim nasceu como projeto de informação e causas várias, locais ou regionais.
Destacou-se sempre na defesa da modernização da ferrovia que, desde 1906, ligava o concelho a Coimbra e à Linha do Norte.
Em 2016, com o Ramal da Lousã já encerrado e suspensas as obras iniciadas, em 2010, com a promessa de um metro que nunca chegou, o jornal reuniu mais de 8.000 assinaturas numa petição, encabeçada pelo primeiro diretor, Pedro Malta, que foi entregue na Assembleia da República (AR), exigindo a reposição do serviço público ferroviário.
Em 1997, quando o conceito do intermunicipalismo mal era balbuciado, o Trevim tomou a iniciativa de, com outros jornais da região, organizar anualmente, no Santo António da Neve, o Encontro dos Povos da Serra da Lousã, que privilegia a cultura, o debate, o convívio e a boa vizinhança numa ótica multimunicipal.
Ainda sob o regime fascista, foi com apoio inequívoco deste jornal que um grupo de cidadãos organizou uma homenagem ao republicano José Maria Cardoso, que culminou na inauguração de um busto do antigo ministro da I República e presidente da Câmara da Lousã, junto ao Cine-Teatro.
Manuel Vaz foi durante décadas o nosso correspondente nas Gândaras.
Graças à sua persistência, nestas páginas, para que, entre outras benfeitorias públicas, fosse criado um miradouro na estrada do Cume, este acabaria por ser construído.
Do miradouro Manuel Vaz, muito frequentado, avista-se toda a vila da Lousã e grande parte do vale.
Outros melhoramentos, sobretudo após a Revolução dos Cravos, nasceram de sugestões e reivindicações do Trevim, dos seus redatores e colaboradores.
Neste âmbito, importa salientar a ação de Rui Soares, como correspondente na zona das Levegadas.
No processo que levou à criação da freguesia das Gândaras, destacou-se o colaborador João Bernardo Lopes, tendo o jornal dado todo o apoio possível ao movimento.
Sem citar a fonte, a proposta com esse fim aprovada pela AR era baseada, em parte, em textos deste jornal, com destaque para uma reportagem que assinalou, em 1995, os 50 anos do corte das videiras americanas, nas Gândaras, a mando de Salazar.
A ideia de criar a Liga de Amigos do Museu Etnográfico Louzã Henriques, por vontade expressa do patrono, foi lançada com recolha de assinaturas numa festa de aniversário do Trevim.
Na Lousã, existe uma rua Gil Vicente. Foi o investigador Paulino Mota Tavares que fez a proposta, num texto divulgado pelo quinzenário.
E a rua Hermínio Martins, concretizada na toponímia pela Câmara Municipal, teve igualmente origem em trabalhos publicados pelo Trevim sobre este antifascista, que passou 14 anos no Tarrafal, e demais companheiros da Lousã que integraram a Revolta dos Marinheiros, em 1936.
Duvidosa qualidade da água de consumo humano, esgotos a céu aberto, falta de acessos e estradas em mau estado foram outras situações de interesse público às quais foi dada especial atenção, durante décadas, nestas páginas.
Porém, a causa suprema do Trevim nestes 55 anos foi, é e será o dever de informar e ser informado.
Em democracia e liberdade.
Casimiro Simões
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