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Editorial

Um cravo que tem de ser regado

Já lá vão 43 anos que veio a manhã que muitos esperavam, trazendo a Liberdade de novo ao país, libertando-o que uma ditadura que o oprimia há já quase meio século. Todos os anos, por esta altura, muitos põem um cravo vermelho na lapela e falam de Liberdade e do que foram os anos da resistência à opressão, seguindo-se uma salva de palmas. E tudo fica por aí, até à comemoração desta efeméride na edição seguinte.

O ser humano tem a memória curta. A geração daqueles que fizeram a revolução vai minguando e daqui a uns anos apenas restarão os registos de testemunhos de quem viveu e lutou nessa época. Como professor de História, constato cada vez mais que este é, infelizmente, um tema que pouco diz aos alunos, para quem isto é algo abstrato sobre o qual poderão até escrever frases cheias de conceitos vazios. Pergunto-me sobre o porquê de este momento marcante da nossa história poder correr o risco de estar reduzido a uma cerimónia de agenda. Talvez seja por nos termos esquecido do significado de Democracia, sobre o que representa o poder nas mãos do povo, permitindo assim que, ao longo do tempo, vários poderes políticos se possam ter tornado mais impermeáveis à voz dos cidadãos, pondo-os de parte em decisões que poderiam ser tomadas de uma forma mais aberta e transparente.

Nunca se pode dar como certa e eterna a Liberdade. No momento em que escrevo estas palavras, grita-se nas ruas de Budapeste, na Hungria, a exigir Democracia e Liberdade de imprensa. Juntamente com a Polónia, são dois países membros da União Europeia que sofreram na pele uma ditadura até à queda do Muro de Berlim, que conquistaram a Liberdade mas acabam agora por cair noutro autoritarismo, com dirigentes políticos a viciarem o jogo democrático e a eternizarem-se no poder após assaltarem instituições que deveriam ser independentes, como a comunicação social e a Justiça. “Não é um problema nosso”, dirão muitos, mas aqui recordo as palavras de Bertolt Brecht, quando fala daqueles que as autoridades levaram, mas que não se importou com isso pois não era nada com ele, até que um dia chegou a sua vez e não havia ninguém para o defender.

Por isso mesmo, comemorar o 25 de Abril é também fazer valer as liberdades fundamentais ou estar atento ao medo, ignorância ou pressões que se possam fomentar, não podendo arredar pé sob pena de perdermos a conta gotas o que conquistámos. Os ideais do 25 de Abril têm de ser alimentados diariamente, daí sublinhar “25 de Abril Sempre!”

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Autor: Joaquim Seco

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