O Concelho Empresarial da Região de Coimbra, composto por 13 associações do território da Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra, reivindicou hoje, numa conferência de imprensa online, mais apoios financeiros por parte do Governo para auxilio ao tecido empresarial desta abrangência, fortemente afetado pela pandemia de Covid-19.
Nuno Lopes, do CERC que representa mais de 15 mil empresas, sedeadas nos 19 municípios da CIM RC, com um volume de negócios superior a 10 mil milhões de euros, salienta que “este confinamento é bem pior do que o do ano passado, em que as empresas ainda tinham tesouraria”. Agora, aponta, “as empresas estão muito mais frágeis”.
As associações empresariais acreditam que “o apoio à família deve ser comparticipado em 100%”, uma vez que atualmente o trabalhador recebe 66% do vencimento, financiado em 33% pelo Estado e os outros 33% pelas empresas. “Na prática a empresa está a financiar 50% do rendimento que o trabalhador leva para a casa, numa fase em que há quebra de faturação proveniente do confinamento”, esclarece Nuno Lopes.
Por sua vez, Carlos Alves, presidente da Associação Empresarial da Serra da Lousã, aponta que, com o encerramento das escolas, “não há regras” quanto “a quem fica em casa”, se “é o homem ou a mulher”, situação que tem “levado litígios desnecessários entre empresas”.
Outra das reivindicações do CERC é a clarificação e uniformização das regras de isolamento profilático em todo o país. De acordo com Nuno Lopes, “tem havido alguns braços de ferro entre empresários para ver quem é cônjuge que fica em casa com os filhos” que considera “importante que as regras sejam claras e justas, já que agora habitualmente ganha o empresário mais intransigente”.
Numa outra perspetiva, exemplifica a presidente da Associação Empresarial de Cantanhede (AEC), Cláudia de Almeida, que naquele concelho “a indústria é na sua maioria de produção no feminino, ou seja, as mulheres estão em casa a tomar conta dos filhos e os maridos quase que são obrigados pelas entidades patronais a ir trabalhar”, situação que “em que não se verifica igualdade de género” e que “não pode continuar”, considera.
Apoios para empresas com quebras de faturação a baixo dos 25%
Outra das preocupações do CERC prende-se com o facto de o Governo apenas atribuir apoio financeiro a empresas com quebras de faturação acima dos 25%.
“A medida parecia razoável”, explica Nuno Lopes, “mas acontece que algunssectores, de calçado e vestuário, para conseguir escoar o produto e não ficarem com o stock da época, venderam a preços baixos, o que permitiu alguma faturação mas sem margem”. Foi possível “escoar produto mas no fundo ficam sem tesouraria para fazer face aos meses vindouros”, remata.
Carlos Alves, da AESL, reforça que “é muito importante que as empresas com 10% ou 15% de quebra de faturação também tenham apoios”, em concordância com Cláudia Almeida, da AEC, que questiona “qual a diferença entre a empresa que tem 24% de quebra e a que tem 26%” e qual o verdadeiro peso desta percentagem. “Há uma empresa que conheço que teve apenas 11% de quebra mas isto significa 700 mil euros”, aponta.
Alargamento da comparticipação dos testes à Covid-19
Para as associações empresariais é “fundamental”, especialmente “nas empresas com grande número de trabalhadores” fazer a despistagem à Covid-19 “para salvaguardar a saúde de quem trabalha e para garantir equipas a trabalhar que permitam fazer face aos compromissos com os fornecedores”, explica Nuno Lopes.
Carlos Cordeiro, presidente da Associação Empresarial de Soure, dá o exemplo da empresa que administra. “Estamos a fazer testes uma vez por semana a um total de 150 trabalhadores, calculem o custo que a empresa está a ter não só com o custo mas com o tempo despendido pelos trabalhadores, que não podem ir todos ao mesmo tempo e demoram porque têm que se deslocar a clinicas”. O empresário considera a situação “altamente penalizante” afirmando que “seria uma grande ajuda o Estado comparticipar os testes”.
Criação de apoios a associações empresariais
Nuno Lopes, em representação do CERC e das entidades que lhe estão associadas, pede a criação de apoios financeiros para associações empresariais que “têm desenvolvido um papel muito importante na identificação das medidas de apoio disponibilizadas pelo Governo, na elegibilidade das empresas que representamos e na ajuda no preenchimentos dos formulários às candidaturas”.
Recorda o responsável que “todos os dias saem alterações aos decretos de lei, uma burocracia enorme que os empresários quase que precisam uma advogado”. As associações empresariais “têm tido um papel importante com os seus quadros técnicos a monitorizarem, a explicar, a tentar perceber que medidas mais se adequam a cada uma das empresas” e se “não forem apoiadas financeiramente não vão conseguir ter os recursos humanos suficientes para fazer face às solicitações que estão a ter”.
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