Pedro Júlio Malta
Em Março de 1970 o Trevim entrou em crise económica. Precisamente dois anos e cinco meses após a edição do número 1. Vários factores levaram a essa situação, mas o fundamental foi, efectivamente, o económico. Amadorismo a mais na administração do jornal, que levou a um saldo devedor com a Gráfica da Lousã, onde era feita a composição e impressão do Trevim, cuja subida era preciso evitar a todo o custo.
Por isso, numa tentativa de resolver o problema, o Trevim teve de suspender a publicação. Em 1 de Março de 1970 escrevi que só com a suspensão “é possível conquistar o tempo para a meditação, de que surja a reestruturação apetecida”. E mais adiante: “resta-nos acalentar o voto de Esperança de que esta suspensão não seja muito longa”. E não foi, conforme se vê adiante.
O caminho da nova fase tem início em 15 de Julho do mesmo ano, com o jornal a ser composto e impresso na Gráfica de Coimbra, a um preço mais razoável. Com o andar do tempo regularizou-se a situação devedora com a Gráfica da Lousã e encetou-se uma vida tão normal quanto possível.
É aqui que surge a colaboração inestimável do meu pai e do meu irmão António, que disponibilizaram o balcão da Casa Havanesa para a realização do expediente de pagamento de assinaturas e de anúncios. Foi uma situação que implicou muita entrega e foi muito trabalhosa. Doutro modo – ainda assim penso hoje – teria sido muito difícil a sobrevivência do jornal.
Depois de regularizada a transferência da propriedade do jornal para a Cooperativa Trevim, com escritura, entretanto lavrada no Cartório Notarial da Lousã, em 3 de Março de 1979, ficaram inscritos, na edição de 6 de Maio de 1981, alguns agradecimentos a amigos e entidades que tinham ajudado a firmar o jornal e um agradecimento particular nos seguintes termos: “Ainda que de natureza mais privada não posso esquecer a colaboração da Casa Havanesa, nas pessoas de meu pai e meu irmão António, sem cujo esforço ter-me-ia sido impossível fazer a administração do jornal em determinados momentos da sua existência”.
Neste tempo em que se vai comemorando o cinquentenário do Trevim não podia deixar de evocar, ainda que resumidamente, a situação de crise do jornal, iniciada em meados de 1970, para cuja solução foi determinante o esforço laborioso de João Poiares Malta, que “deu a cara” pelo jornal, contra “ventos e marés”, com coragem e desassombro, entre Julho de 1970 e início da década de 1980. Igualmente merece este tributo de homenagem a meu pai o meu irmão António Carlos Malta, pelos motivos que atrás invoquei.
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