Avançar para o conteúdo principal

A lei, quando nasce, é para quase todos (editorial)

 

Faz hoje uma semana que acabou o prazo dado pelo governo para procedermos à limpeza de matas e terrenos. Surgem questões de vária ordem, mas vamos debruçar-nos sobre as de ordem prática. Será que quem estipulou o prazo para a limpeza teria noção do país em que vive, de se estar num território cuja medida peca por tardia mas que, depois da “casa roubada”, se quererem meter “trancas à pressa na porta”? Mesmo que os prazos dados fossem para serem levados a sério, questionamo-nos se o Estado providenciou condições para que tal fosse possível, não se limitando assim a fazer exigências para um território que alguns decisores talvez até nem conhecem devidamente.

 

Quem conduz pelas estradas da serra da Lousã, ou de muitas outras vias que rasgam áreas florestais pelo país fora, repara que há trabalho que está a ser feito, mas isso parece uma gota de água num oceano, com tanto que ainda falta por fazer. Surgem aí dúvidas sobre quem recai responsabilidades, tornando-se todo este processo num nó górdio, sem saber se os prazos foram mal planeados, ou se os privados e autarquias se começaram a mexer fora de horas, ou se todos ficaram à espera de alguma ajuda do governo que tardou em vir à luz do dia.

 

Não são raros os casos de quem, por razões de idade, logísticas ou económicas não tem condições para fazer a parte que lhes compete. Serão considerados infratores, sendo uma questão de tempo até serem penalizados monetariamente? Há alguma salvaguarda para estes casos, que não serão poucos de norte a sul do país?

 

Os resultados dos relatórios do Ministério da Administração Interna e da comissão independente, criada a pedido do Parlamento, indicam que as causas dos principais fogos de junho e outubro estiveram relacionadas com a alegada falta de limpeza das áreas dos postes de alta tensão. A lei diz que estes têm de estar limpos na vertical numa faixa de largura de dez metros para cada um dos lados, mas a EDP Distribuição já entende outra coisa, argumentando que “quando é construída uma linha, constituímos a necessária faixa de proteção indemnizando os proprietários pelas espécies arbóreas cortadas, concluindo assim que a lei obriga os proprietários a efetuar a manutenção das faixas”, de acordo com uma lei de 1936 (Diário de Notícias, 01/06/2018).

 

A lei será mesmo para todos? E será que o Estado cumpre a sua parte? Ficamos com a sensação que não, quando, por exemplo, conduzimos pelo IP3 e há ramagens que quase invadem a via. E não se trata de um caso isolado.

Tags:
Autor: Joaquim Seco

0 Comentários

Meteorologia

Artigos relacionados

Trevim: Leia também Dezenas de atividades evocam Revolução em Coimbra Cultura
19 Abr 2024 01:58 PM

A comissão organizadora das Comemorações Populares dos 50 anos do 25 de Abril em Coimbra apela à população a que se mobilize e participe nas mais de 40 atividades previstas para este mês, cujo ponto alto será uma grande manifestação popular,...

Ler artigo
Trevim: Leia também Junta da Lousã e Vilarinho deixa marca física dos 50 anos da Revolução Concelho
19 Abr 2024 01:37 PM

A Junta de Freguesia da Lousã e Vilarinho (JFLV) também se associa às comemorações do 50.º aniversário da Revolução dos Cravos através da inauguração de um monumento evocativo, agendado para 11:00 do dia 25 de Abril no Parque Urbano (junto...

Ler artigo
Trevim: Leia também 25 de Abril valorizou papel das mulheres na sociedade Editorial
19 Abr 2024 01:24 PM

Momento histórico que ficou também conhecido como Revolução dos Cravos, o 25 de abril de 1974 marcou o fim de 48 anos de ditadura em Portugal, permitindo a transição para a democracia, agora feriado e Dia da Liberdade. Nestes 50...

Ler artigo
Trevim: Leia também Empresa paga 130 mil euros para madeireiro parar cortes Concelho
19 Abr 2024 11:18 AM

A Colquida, empresa da família Serra, pagou 130 mil euros à firma Álvaro Matos Bandeira & Filhos para que esta não efetue novas extrações de madeira na zona das Silveiras, na Serra da Lousã, confirmaram ao Trevim fontes ligadas ao processo. Com...

Ler artigo
Trevim: Leia também O Pimpolho Cartunes
18 Abr 2024 11:48 AM

O Pimpolho, de José Sarmento

Ler artigo
Trevim: Leia também Humor a Sêco Cartunes
18 Abr 2024 11:45 AM

Ler artigo
Definições de Cookies

A TREVIM pode utilizar cookies para memorizar os seus dados de início de sessão, recolher estatísticas para otimizar a funcionalidade do site e para realizar ações de marketing com base nos seus interesses.

Estes cookies são essenciais para fornecer serviços disponíveis no nosso site e permitir que possa usar determinados recursos no nosso site.
Estes cookies são usados ​​para fornecer uma experiência mais personalizada no nosso site e para lembrar as escolhas que faz ao usar o nosso site.
Estes cookies são usados ​​para coletar informações para analisar o tráfego no nosso site e entender como é que os visitantes estão a usar o nosso site.

Cookies estritamente necessários Estes cookies são essenciais para fornecer serviços disponíveis no nosso site e permitir que possa usar determinados recursos no nosso site. Sem estes cookies, não podemos fornecer certos serviços no nosso site.

Cookies de funcionalidade Estes cookies são usados ​​para fornecer uma experiência mais personalizada no nosso site e para lembrar as escolhas que faz ao usar o nosso site. Por exemplo, podemos usar cookies de funcionalidade para se lembrar das suas preferências de idioma e/ ou os seus detalhes de login.

Cookies de medição e desempenho Estes cookies são usados ​​para coletar informações para analisar o tráfego no nosso site e entender como é que os visitantes estão a usar o nosso site. Por exemplo, estes cookies podem medir fatores como o tempo despendido no site ou as páginas visitadas, isto vai permitir entender como podemos melhorar o nosso site para os utilizadores. As informações coletadas por meio destes cookies de medição e desempenho não identificam nenhum visitante individual.