Em “A estranha ordem das coisas” o neurocientista António Damásio diz: “(…) em conflito, (…) pelo sofrimento, pelo medo e pela fúria, e na busca de bem-estar, os seres humanos optaram pela maravilha e pelo deslumbramento e descobriram a música, a dança e a pintura, e a literatura.” (p.19).
A crise que estamos a viver foi como uma verdadeira lambada “para acordar”. O sistema económico neoliberal que desde a década de 1970 vinha a ser implementado estabeleceu um modelo social (um modo de vida) que criou a ilusão do êxito e do sucesso a partir de bens materiais, estatutos sociais e poder económico. Passou-se a flexibilizar, desregular, desregulamentar, liberalizar, privatizar. Ao longo dos anos foi-se constatando que este sistema criou desigualdades, aumentou as injustiças e a concentração da riqueza.
Agora, na crise pandémica, é aos Estados que exigem respostas (tal como na crise de 2008 foram os Estados que salvaram o sistema). Os setores e os trabalhadores que mais foram desrespeitados nas últimas décadas – Saúde, Educação, Artes e Cultura, Segurança, Serviços Públicos mas também os trabalhadores do setor privado com funções operacionais – foram os primeiros a responder e a estar na linha da frente de cuidados à população. Precisamos todos uns dos outros.
Nós, cidadãos, devemos estar atentos e perceber quais são de facto as prioridades: Saúde, Educação, Artes e Cultura, Justiça, Segurança e Serviços Públicos – devem ser sempre de todos e para todos.
Hélder Bruno Martins
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