Não havia ainda a Internet que possibilita a comunicação em rede. Nem auto comunicação de massas (blogs, twiter, sms, etc). Nem comunicação imediata de um para muitos (Facebook, etc). Nem comunicação interpessoal multimédia (Skype, Whatsapp, Zoom, Messenger, etc). Havia jornais e rádio como meios de comunicação de massas. A televisão apareceu mais tarde. Não tínhamos telemóveis nem smartphones, PC´s, tablets.
Mas tínhamos cinema e o Ramal da Lousã. E comprávamos o “Mundo de Aventuras” e o “Cavaleiro Andante” em fascículos, na loja do Sr. João da Havanesa. E ainda ninguém pensava, por nós, em “coisas” como a APIN.
Os meios para gerir lazer, fazer amizades, família, eram simples pela proximidade. Proximidade essa que facilitava/promovia a comunicação entre indivíduos e famílias.
E havia o São João. O São João de outros tempos, cujos festejos eram organizados pela “prata da casa”. Gente dedicada a causas. Que pensavam e produziam espetáculos em que todos se reviam, até porque as famílias estavam em geral representadas por um ou mais elementos. Mais um pretexto, entre muitos outros, para criar amizades para toda a vida.
Numa das feiras desses tempos – repararão que nunca digo “no meu tempo” – ganhei uma pistola de fulminantes, oferta dos meus pais. Levei-a orgulhosamente para a escola do Regueiro.
Uns anos mais tarde. pelos Santos, consegui autorização do meu pai, para comprar a prestações, na loja do sr. Milton Polaco, uma bicicleta de corrida. Tinha uns dinheiritos de parte. Paguei as 2 ou 3 primeiras prestações e o meu pai lá acabou de pagar as restantes.
Foi ainda pelos Santos, que participei ativamente na “Marcha dos Outros”. Sim dos outros Santos. Que diabo! Santo António, São João. E os outros interrogaram-se os nossos maiores à época. E organizaram, fizeram. Uma marcha que deu brado!
Com letra do professor e poeta António Victor e música de João Mateus Poiares, dois grandes senhores que recordo respeitosamente, estava dado um passo fundamental para o sucesso da marcha.
Lembro o “papel” que me foi destinado bem como ao meu querido e saudoso amigo José Mingachos. Na marcha que percorreu algumas ruas da vila, fomos cantando, à vez, em cima de uma camioneta de caixa aberta, a “Marcha dos Outros” de que recordo aqui os versos:
Por não ser Tónio ou João
Tinha uma certa laracha
Que não pegasse o balão
E não viesse na marcha
Os Pedros com grande alarde
Vieram com belos modos
Viva esta grande verdade
Há moralidade
Ou marchamos todos
Vá Joaquim
Vamos José
Ó Serafim
E Barnabé
Romeu, Saúl
Fortunato de Almeida, cofundador do Trevim.
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