O Cineteatro da Lousã deverá voltar a exibir filmes depois de finalizadas as obras de requalificação que “devem começar brevemente”, informou uma fonte do gabinete do arquiteto João Mendes Ribeiro, líder da equipa que desenhou o projeto.
Concluída a empreitada, a cargo da empresa Socértima – Sociedade de Construções do Cértima, por 1.988.000 euros + IVA, a infraestrutura “ficará preparada para acolher cinema”, tendo sido também criadas “as condições necessárias para a realização de sessões de cinema ao ar livre num pátio fechado”.
A obra tem um prazo de execução previsto de 420 dias a contar da assinatura do auto de consignação, que se concretizou dia 17, ou seja, deverá estar terminada no verão do próximo ano, antes das eleições autárquicas.
Segundo explicou a mesma fonte, o equipamento mantém praticamente o mesmo número de lugares sentados, um total de 486, divididos entre a plateia (349) e o balcão (149), apenas mais três do que havia anteriormente.
No caso da plateia, dez cadeiras “serão equipadas com sistema de remoção fácil, para permitir acomodar oito pessoas com cadeira de rodas, em lugares dispersos pela sala”.
A frente do palco, designada boca de cena, “terá aproximadamente as mesmas dimensões”, embora seja “aumentada a profundidade do palco, e terá um proscénio (a parte do palco que avança desde a boca de cena até à plateia) mais largo e com três metros de profundidade”.
Por razões “infraestruturais e de mecânica de cena”, prevê-se também “subir o pé-direito da caixa de palco, substituindo o atual telhado por um corpo vertical com cobertura plana que se ergue acima do telhado da sala principal”.
Esta intervenção permitirá “não só uma melhoria das condições internas da caixa de palco, como terá também uma contribuição importante para a caracterização da volumetria exterior do edifício”.
Na sala principal, será corrigida “a inclinação da plateia, resolvendo os problemas de visibilidade que atualmente se verificam, adaptando ligeiramente a sua configuração”.
A régie “será colocada no interior da sala, ao nível do balcão, por razões de ordem técnica”, e “serão instalados infraestruturas e equipamentos técnicos novos para substituição integral dos existentes”.
No primeiro andar do edifício, continua a haver um bar que “vai ser requalificado” e ficará “acessível a pessoas de mobilidade reduzida”, beneficiando de um “espaço nobre com um pé direito maior”.
Construção de mais dois edifícios
A empreitada prevê a construção de um segundo edifício, “a construir à esquerda do edifício principal, que acomodará instalações sanitárias, três camarins coletivos e dois individuais, uma ampla sala para apoio aos eventos a realizar no Cine-Teatro e um pátio ao nível do salão nobre”.
No lado direito, existirá “um corpo de menores dimensões, destinado a áreas técnicas e cargas e descargas, adjacente à caixa de palco e com acesso direto à mesma” e também um elevador, “de modo a garantir o acesso a todos os pisos para todos os utilizadores”, que se optou por construir fora do edifício principal, devido “ao constrangimento espacial”.
Empreitada teve dois concursos
A empreitada para requalificação do Cineteatro foi a concurso público por duas vezes, a primeira em 2018 e a segunda em novembro de 2019, altura em que foi adjudicada à empresa Sócertima.
Em janeiro, o gabinete de comunicação da Câmara tinha dito ao Trevim que foi necessário realizar um segundo concurso porque a empresa vencedora do primeiro “não apresentou os documentos necessários para a realização da obra”.
A CIP – Construção, de Oliveira do Hospital, tinha obtido a adjudicação em abril de 2019, com uma proposta de valor também muito próximo da base e o mesmo prazo de 420 dias, após contestar um primeiro relatório do júri que considerava a proposta da Socértima a de melhor relação qualidade/preço.
Há cinco anos, o equipamento foi sujeito a obras de estabilização da cobertura, que custaram mais de 54 mil euros, através de dois ajustes diretos à empresa Construções Augusto Amado.
Os dois contratos, celebrados em 2014 e divulgados pelo Instituto dos Mercados Públicos, do Imobiliário e da Construção (IMPIC), incluíram a montagem de estruturas metálicas para travar eventuais problemas de segurança.
Empréstimo de 2,1 milhões de euros da CGD
A requalificação do Cineteatro foi inicialmente proposta a financiamento através do Instrumento Financeiro de Reabilitação e Revitalização Urbana, mas em agosto passado a Câmara decidiu anular a referida candidatura face à impossibilidade de obter luz verde do Tribunal de Contas para a contratação de um empréstimo bancário por essa via.
Com aprovação da Assembleia Municipal, a Câmara avançou depois com uma consulta a várias entidades bancárias para obter um empréstimo de 2,1 milhões de euros a amortizar em 20 anos. O concurso foi vencido pela Caixa Geral de Depósitos, que assegurou as condições mais vantajosas.
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