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Carlos Reis – um museu perdido no tempo

Na edição de 18 de março de 2004, o Trevim noticiava na sua primeira página que a “Casa de Carlos Reis vai ser museu”, contudo, 17 anos volvidos o objetivo não foi ainda concretizado. Numa peça da autoria de Geraldo Barros, este quinzenário dava conta do lançamento do concurso público para o então designado Núcleo de Pintura Serrana – Casa e Museu de Carlos Reis, do Ecomuseu da Serra da Lousã. A obra teve projeto da autoria do arquiteto Francisco Magalhães, do Gabinete de Apoio Técnico da Lousã, onde se previa a recuperação da casa mandada construir pelo pintor natural de Torres Novas, e a construção de um novo edifício, no terreno adjacente à casa e à face da EN 236, que seria o Museu Carlos e João Reis, seu filho. Em fevereiro de 2005, o Trevim anunciava a adjudicação da empreitada à empresa Encobarra, Engenharia e Construções por 735 mil euros, montante financiado pela Câmara Municipal através de verbas do 3.º Quadro Comunitário de Apoio.

À data, Fernando Carvalho, presidente da Câmara Municipal, informou o Trevim, que Pedro Carlos Reis, neto e filho dos dois artistas, tinha já demonstrado “disponibilidade para transferir parte do espólio e mobiliário pertencente ao seu avô para a casa-museu”. A única obra que a Câmara então possuía era o quadro “A Lenda da Princesa Peralta” exposto no Salão Nobre do edifício dos Paços do Concelho.

João Pedro Reis critica autarquia

na biografia sobre o seu pai

Pedro Carlos Reis revela a sua versão da história da criação de um museu dedicado ao Mestre no livro dedicado ao pai, “João Reis”. Segundo diz, o desafio foi do próprio, em 1994, quando se propôs depositar o recheio da casa de Carlos Reis, de modo a ser considerada “casa museu”, “testemunho da vivência dos artistas que a tinham concebido e aí criado tantas obras de arte”, se a Câmara estivesse interessada em reabilitar o edifício.  Na altura, era Horácio Antunes presidente da Câmara Municipal da Lousã, que, segundo conta Pedro Carlos Reis, “abraçou entusiasticamente a ideia” e conseguiu comprar aos proprietários de então”.

Refere o herdeiro de Carlos Reis, no livro editado em 2015, que Fernando Carvalho, enquanto sucessor de Horácio Antunes, “herdou a responsabilidade do projeto inicial e decidiu nele incluir a construção de uma edificação para albergar um Museu João Reis, que contaria como espólio obras depositadas pela família do autor”, complementadas com obras pertencentes ao Museu Nacional de Arte Contemporânea. Segundo Pedro Carlos Reis, desde o ano de 2010, que “não recebemos da Câmara Municipal da Lousã qualquer indicação relativa às suas intenções futuras”. A preocupação do autor, há cinco anos, era o estado de degradação do “Casal da Lagartixa”. “Cerca de 20 anos depois, e gastos pela Câmara muitos milhares e milhares de euros”, restava no local “uma casa muito afetada no seu exterior e com o seu interior em ruínas”. Entretanto, há cerca de dois anos, ocorre o falecimento de Pedro Carlos Reis.

Câmara apresentou candidatura

ao programa “Renovação das Aldeias”

A casa-atelier do pintor Carlos Reis, conhecida como “Casal da Lagartixa”, na zona do Zambujeiro, recebeu o estatuto de imóvel de interesse municipal para as populações e para a economia local, um reconhecimento aprovado na reunião da Assembleia Municipal da Lousã, em fevereiro de 2020.

De acordo com o que disse, à data, Luís Antunes, a declaração de interesse surgiu com o propósito de a autarquia poder candidatar a casa-atelier a financiamento comunitário e assim realizar obras no seu interior, esclarecendo agora a Câmara, em resposta ao Trevim, que “não se tratou de um ato administrativo de classificação de um bem imóvel”, mas sim de apoiar o processo de candidatura ao programa “Renovação das Aldeias” do PDR 2020, de que aguarda decisão.

Sobre se a autarquia é detentora de espólio de Carlos e/ou João Reis, o gabinete de comunicação do presidente Luís Antunes acrescenta que “a Câmara é detentora de algumas obras de ambos, que integram o seu inventário, bem como de documentação diversa – fotográfica, epistolográfica e outra”. Quanto ao motivo de o edifício construído propositadamente para museu continuar há largos anos sem utilização, informa que “faz parte das valências da Casa da Lagartixa, assumindo-se alguma maleabilidade na sua utilização, por forma a dar resposta a outras atividades culturais, museológicas e artísticas do concelho, em complementaridade com a casa e o atelier do pintor Carlos Reis”.

Patrono do museu em Torres Novas

Carlos Reis dá nome ao Museu Municipal de Torres Novas, onde nasceu a 21 de fevereiro de 1863. Naquele equipamento encontra-se uma exposição de longa duração do pintor, com cerca de 20 obras, sobretudo paisagens e retratos, que retratam essencialmente “a predileção do pintor para retratar aspectos do quotidiano da vida campestre”, lê-se na página da Internet do museu.

Embora o espaço museológico, inaugurado em 1937, não seja inteiramente dedicado a Carlos Reis, em 1942, ano da sua morte, a Câmara Municipal decide atribuir-lhe o nome do pintor.

Entre as obras ali expostas é possível encontrar a pintura a óleo “Quinta da Lagartixa” na vila da Lousã, que o artista descobre em 1913, que nos dá uma vista da casa onde o pintor viveu e onde mantinha o seu atelier de pintura.

Ali podemos observar também a “Procissão da Favariça”, uma representação do desfile religioso com o coreto desenhado por Carlos Reis, como pano de fundo. 

João Reis vai ter museu na Figueira da Foz

A Quinta das Olaias, imóvel construído no século XVII na Figueira da Foz e valorizado pela passagem de grandes nomes da política e das letras, deverá vir a ter um espaço museológico dedicado à vida e obra do pintor João Reis, escreve o Diário de Coimbra. Segundo o jornal, a criação desta valência, em tributo ao “em tempos considerado pintor da Figueira”, consta do plano de investimentos para 2021 daquela Câmara Municipal, não estando ainda disponível para consulta na página da Internet da autarquia. A Quinta das Olaias está, por enquanto, a ser alvo de uma empreitada na sua envolvente,  com a criação de ligações pedonais e reformulamara Municipal derado pintor da Figueira,na sua envolvente reformulação de acessos, acrescenta a notícia.

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Autor: Soraia Santos

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