Segundo o relatório de atividades apresentado pela Santa Casa da Misericórdia da Lousã (SCML), na Assembleia-Geral, realizada dia 10, existem, neste momento, 255 idosos em fila de espera para integrar a Estrutura Residencial para Pessoas Idosas (ERPI).
Atualmente a ERPI tem capacidade de resposta social de 80 utentes, estando todas as vagas preenchidas.
No ano de 2019, foram admitidos apenas 29 idosos. “Este número refere-se a falecimentos. É rara a vez em que alguém deixa a Santa Casa”, referiu João da Franca, Provedor da instituição.
Na assembleia, João da Franca mostrou-se preocupado com o número de pessoas em espera, afirmando que “o concelho não tem capacidade de resposta para estas situações”.
Outro número preocupante para o Provedor é a média de idades dos utentes (84 anos), referindo que “é necessário ter consciência dos problemas associados a esta média, nomeadamente em pessoas acamadas e muito dependentes”.
Refira-se que, para além do serviço de alojamento, alimentação, higiene e atividades de animação sociocultural, lúdico-recreativas e ocupacionais, a SCML oferece ainda cuidados ao nível da enfermagem de reabilitação, psicologia, fisioterapia e assistência religiosa.
Quanto ao Centro de Dia, João da Franca informou que, os utentes, “não almoçam, lancham e vão embora, muito pelo contrário. Participam em diversas atividades, dispõem de serviços de higiene pessoal e alguns até jantam connosco, eles são integrados como se fossem utentes internos (ERPI)”.
Também a creche apresenta uma lista de espera de 66 crianças, abrangendo, em 2019, 68 crianças. O mesmo acontece no jardim de infância que, neste momento, tem a capacidade lotada com 70 crianças, somando 45 em lista de espera.
Hospital de São João “em negociação”
Segundo informações prestadas pelo Provedor, a situação do Hospital de São João está em “negociação com um grupo de saúde”, não podendo “adiantar mais informações por enquanto”.
Recorde-se que estaria prevista a requalificação e adaptação do imóvel localizado na Avenida do Brasil (antigas instalações do Centro de Saúde), a fim de ser criada uma unidade de cuidados de saúde com investimento privado.
Também a situação do património do Brasil mantém-se igual. Segundo o Provedor, “o Brasil leva-nos 13 mil euros por euros por mês para manter os bens”, acrescentando que “é dinheiro precioso para a instituição e um sacrifício enorme”. Importa referir que, segundo comunicado na assembleia de 29 de novembro de 2019, a SCML apenas “está interessada em vender o património brasileiro”.
Parecer do Conselho Fiscal positivo
De acordo com o parecer do Conselho Fiscal quanto ao exercício económico do ano de 2019 da SCML, a gestão da Mesa Administrativa “foi eficaz na obtenção do resultado que, não sendo positivo, ultrapassou em muito as expectativas orçamentais e a não ser o agravar da situação do Brasil, o resultado seria ainda melhor”.
De facto, em 2018 a instituição apresentava como resultado líquido de -91 055,96€ e, em 2019, o resultado aponta para os -25 481,96€.
Segundo o parecer do Conselho Fiscal, “recuperaram-se 64 745€ em relação ao ano anterior, sendo a recuperação mais significativa se tivermos em conta as condições adversas que se mantiveram em relação à falta de receitas do Brasil, tendo-se agravado os gatos que passaram de 51 576€ em 2018 para 76 774€ no exercício, bem como se manteve a falta de receitas do Hospital”.
Levados a apreciação e votação, o relatório de atividades, contas e parecer do Conselho Fiscal foram aprovados por unanimidade pelos irmãos da SCML presentes na assembleia.
Centro de Dia de Foz de Arouce encerrado temporariamente
O Centro de Dia de São Miguel, em Foz de Arouce, da SCML, vai estar “temporariamente encerrado”, informou João da Franca.
“A Segurança Social não deixa abrir os Centros de Dia”, explicou. Todos os utentes que frequentavam as instalações da freguesia de Foz de Arouce “estão a ser apoiados pelos serviços de apoio domiciliário”, sendo transferidos para a Lousã assim que possível.
“São muito poucos os casos em que a família dos idosos prescindiu do apoio da Santa Casa”, contou João da Franca.
Recorde-se que o Centro de Dia de São Miguel é uma resposta social destinada a pessoas idosas, com idades iguais ou superiores a 65 anos e/ou que se encontrem em situação de carência ou disfunção social.
“Vamos aproveitar este tempo de encerramento para desinfetar e fazer uma limpeza geral em Foz de Arouce”, reiterou o Provedor.
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