A dois de agosto de 1975, Rosa Gonçalves abriu as portas da Boutique Talismã, em frente à Câmara Municipal da Lousã.
“No dia em que abri a loja fiz cento e pouco escudos”, contou entre risos ao Trevim.
Há 22 anos no Centro Comercial Tivoli, a Boutique Talismã foca o seu serviço no pronto-a-vestir de senhora mas, quando voltou de África e abriu a loja “vendia de tudo um pouco”. “Quando cheguei à Lousã não havia nada, era um deserto. Então comecei a vender tabaco, selos, retrosaria, roupa…tentei vender o que não havia para poder desenvolver o meu negócio e a minha vida”.
Os anos passaram e Rosa Gonçalves, optou por enveredar apenas pelos caminhos da roupa para senhora, criança, batizados e casamentos.
“Fui renovando a loja conforme achava que ficava melhor”, contou. “Cheguei a ter uma loja dedicada apenas a roupa para criança”. “Saía da Lousã às duas da manhã para ir para Espinho, Guimarães e Barcelos comprar tecidos e fazia tudo o que era roupa de criança, lençóis, casaquinhos e trabalhava a parte da costura e dos arranjos”, recordou.
Com clientes habituais há 45 anos, os obstáculos e experiências da vida levaram Rosa Gonçalves a ter “os olhos muito mais abertos e apostar na inovação”.
Pioneira na introdução dos “baby gros” na Lousã, a Boutique Talismã apostou na venda de peças em algodão, fraldas e roupa de criança. “Tinha pouca coisa em exposição porque antes os comerciantes não queriam nada com a Lousã”, salientou.
“Não me esqueço quando abri negócio, a parte da frente da loja era onde trabalhava e, na parte de trás, tinha um quarto, uma sala, uma cozinha e uma casa de banho e morei lá mais de um ano com o meu marido”, contou.
“Muitas vezes já passava da uma da manhã e eu ainda estava sentada à volta das minhas costuras”, explicou.
Rosa Gonçalves contou ao Trevim que, quando chegava a época do Natal tinha que “reforçar as pessoas ao serviço”. “Cheguei a ficar sem nada na montra, vendia tudo. Recordo um Natal que tive que fechar a porta da loja mais cedo e as pessoas começaram a dizer que eu estava rica…na verdade já não tinha absolutamente nada para vender”, contou.
Com vários clientes dos arredores da Lousã, a boutique diferenciava-se das outras. “Na altura as pessoas não iam para Coimbra porque o comércio lá era muito mais impessoal, aqui na Lousã éramos mais afáveis”, reiterou.
Resistente no Centro Comercial Tivoli, hoje quase deserto, a proprietária da Boutique Talismã recorda “um ano em que era a única pessoa com a loja aberta no centro comercial”.
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