Celebrado para reconhecer as conquistas sociais, políticas e culturais da mulher, o dia 8 de março, data em que se celebra o Dia Internacional da Mulher é, também, uma oportunidade para captar a atenção para a necessidade de acelerar o mundo em direção à igualdade de direitos e condições de trabalho em relação aos homens.
Entenda-se que a celebração desta data vai muito além do dia em que se oferecem flores e chocolates para agradar as mulheres. Trata-se de assinalar uma luta e celebrar conquistas, que durante muitos anos foram suadas. Desde o direito ao voto, à educação, à representação na comunidade e até mesmo à decisão de carreiras profissionais.
O Trevim esteve à conversa com três mulheres, de idades e profissões diferentes, que nos contaram um pouco da sua experiência.
Trineta da conhecida Ti Joaquina da Catraia, a grande guardiã do primeiro abrigo turístico da Serra da Lousã, Marianne Simões tem 33 anos, chegou do Brasil e escolheu a Lousã para construir a sua vida, pelas raízes familiares que aqui a ligam.
Atualmente a trabalhar como consultora imobiliária, Marianne explicou que, tanto no Brasil como em Portugal sempre trabalhou na área comercial. Considera que o mercado português “está aberto a grandes oportunidades”. “Sempre fui muito bem recebida, tanto ao nível empresarial como ao nível dos meus clientes”, contou.
Quando questionada por este quinzenário quanto a situações de discriminação pelo género em termos laborais, a empresária garante que “no Brasil nunca aconteceu, mas em Portugal, já”.
Marianne Simões relembrou um contacto realizado com um cliente sobre um imóvel que lhe disse “apenas realizar o negócio se eles fossem sair”, ultrapassando todas as barreiras de uma relação estritamente profissional. “Não percebi qual foi o objetivo dele e também não sei quem foi a pessoa que me disse isso”, concluiu.
Carmo Sequeira, professora no Agrupamento de Escolas da Lousã, entende que, no que concerne à educação “o papel da mulher é igual ao que sempre foi”. Na sua perspetiva, o que se altera “é a capacidade de acompanhar as mudanças na sociedade e conseguirmos um ritmo capaz de equilibrar essa educação”, por exemplo, no concerne aos “valores sociais, na evolução da tecnologia e no duplo papel da mulher enquanto trabalhadora e mãe”.
Para a professora, “quando atualmente, e bem, à mulher são reconhecidos outros papéis sociais importantes, o da educação torna-se mais difícil porque a educação é a base de toda a sustentabilidade humana”, salientando que o necessário será que todas consigam “gerir o que é importante na vida de cada um de nós, para sabermos ensinar os valores que são precisos para criar uma nova sociedade mais igual e mais feliz”.
Embora nunca tenha sentido qualquer tipo de discriminação profissional por ser mulher, Carmo Sequeira reconhece que “este papel da educação sempre foi mais dirigido às mulheres, o que em parte o torna, só por si, discriminatório”. “Socialmente acredito que educar possa apelar mais a um ato de carinho, de paciência, com firmeza nas decisões, qualidades que tradicionalmente são reconhecidas às mães, a quem dá o colo, no entanto, foi exageradamente confundida e alimentada ao ponto de ser criado um decreto-lei em 1936, que dizia que o casamento das professoras não seria possível sem a autorização do Ministro da Educação Nacional”, comenta.
“Educar, para mim, implica saber ser … ser humano! O agente da educação neste caso, não tem género”, concluiu a professora.
Sara Santos, com 80 anos e repleta de vida e muito ligada ao associativismo, exerce, neste momento, o cargo de presidente da assembleia-geral da Cooperativa Arte-Via, defende que “algum dia a mulher havia de mandar”, “mas tinha que ser alguém especial, que soubesse estar na vida”, assegurando que sempre lutou por isso em todos os projetos a que se associou.
“Conheço grandes mulheres na Lousã, que são pessoas que gostam de ajudar, mas há muitas diferenças entre a mulher antiga e a mulher de agora”, refletiu, reforçando que a mulher que é “hoje em dia, é muito diferente da que era antigamente”.
Sara Santos, defensora da igualdade de géneros, entende que é importante que “as mulheres saibam a razão de celebração deste dia”. “O Dia da Mulher não serve nos juntarmos e beber uns copos, serve para assinalar uma luta pelos nossos direitos”, frisou.
“As mulheres deviam ter cargos como os homens e saberem respeitar-se mutuamente, infelizmente não vejo isso a acontecer”, refletiu Sara Santos.
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