“A primeira linha de Wellington” estreia dia 8 de maio
A estrear em simultâneo nos municípios de Penacova, Mealhada e Mortágua, o filme “A primeira linha de Wellington”, do realizador Paulo César Fajardo, conta com a participação do cantautor João Francisco, criador da banda sonora.
“Tenho vindo a fazer pequenas bandas sonoras nos últimos anos, a maior parte para o realizador Paulo Fajardo”, contou o músico ao Trevim.
Com o convite a surgir no final do verão passado, por parte do realizador, João Francisco revelou que “participar com esta banda sonora é o musicar da batalha de Foz de Arouce”. “São as balas de canhão que os meus avós encontravam no rio, são as cruzes no pinhal dos que caíram às mãos da má sorte. São os franceses que por cá fizeram filhos e deixaram na memória ‘Francas, Franciscos e Franças’, entre Semide a Ponte Velha”, contou.
O cantautor salienta o que, no seu percurso artístico, este projeto lhe trouxe o “prazer da superação”, de sair “fora da zona de conforto e fazer as pessoas viajar no tempo e no espaço através da música”.
“A primeira vez que fiz uma banda sonora, em 2015, foi com a minha Stratocaster (guitarra elétrica) ligada a um amplificador a válvulas e a uma ‘câmara de eco’ igual à que o Gilmour dos Pink Floyd usou em Pompeia no início da década de 70. Demorei uma noite e uma manhã a gravar tudo sozinho”, contou João Francisco, referindo que, nas restantes, acrescentou “instrumentos étnicos para se ajustar ao caráter das imagens e ao tema”.
No entanto, para este último desafio, e depois de ver as primeiras filmagens com a cavalaria, canhões, fardas e batalhas, percebeu que “os instrumentos tradicionais não chegariam”, chegando a equacionar “não aceitar o trabalho”.
“O ter convivido durante infância em Foz de Arouce, ter assistido à recriação do bicentenário das Invasões Francesas, fui desenhando um perfil musical para o Massena e para o Wellington, a par com temas de guerra e suspense. A acústica da zona da Pegada durante o seu famoso fogo de artifício serviu de inspiração para o ecoar de canhões e percussões de guerra”, reforçou.
Recriação de ambientes bélicos
Pela natureza do filme que representa batalhas, João Francisco apostou na gravação de metais, “imprescindíveis para recriar ambientes bélicos”.
“Para simbolizar o lado ibérico e humanizar mais a banda sonora usei uma guitarra de sete cordas, uma viola de dois corações para ir buscar a sonoridade anterior à guitarra portuguesa, acordeão para a parte francesa entre muitos outros”, referiu João Francisco.
De acordo com o artista, compor os temas base “não foi difícil”. “Tive de tocar muitos dos instrumentos, editar cada pista, cada instrumento, fazer mistura e masterizar para as salas de cinema”, apenas se lembra de “trabalhar sem parar até não conseguir mais e retomar assim que as forças voltavam. É difícil medir o que foi investido. Foi um trabalho de amor, como tudo que faço”.
Este trabalho teve também o apoio dos lousanenses Sérgio Simões, com percussões militares e da trompetista Maria João Simões.
Para já, prevê-se que João Francisco esteja presente na Mealhada, como orador na apresentação.
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