Sessão realizada por videoconferência abordou a conciliação pessoal e profissional em tempos de pandemia
Ao longo dos anos as “Conversas Transversas”, iniciativa da Câmara Municipal da Lousã (CML) por ocasião da celebração do Dia Internacional da Mulher, assinalado a 8 de março, tem levado a debate vários assuntos sobre o seu papel na sociedade.
Sob o tema “a mulher, a saúde e a conciliação”, a cargo da Equipa para a Igualdade da Vida Local, juntaram-se, este ano, através da internet, Joana Laranjinha, médica, Joana Seco, enfermeira, Cláudia Simões, bombeira, Tânia Torrinha, animadora da Santa Casa da Misericórdia da Lousã (SCML) e Carmo Sequeira, professora e elemento da direção do Agrupamento de Escolas da Lousã.
No início da sessão, Henriqueta Oliveira, vereadora da Câmara Municipal com o pelouro educação, cultura, intervenção social e saúde, destacou o papel das cinco convidadas lousanenses que, atualmente, estão na “linha da frente na defesa da saúde física, mental e comunitária”. Também presentes na sessão estiveram os Conselheiros para a Igualdade, Marta Correia e Santinho Antunes, que moderaram o debate.
Entre outras questões lançadas a discussão, a conversa centrou-se na conciliação entre a vida pessoal e profissional, no contexto da pandemia.
Para Carmo Sequeira, que abriu a sessão, mesmo adorando a sua profissão, “estes últimos tempos não têm sido fáceis ao nível da educação”. Educar, referiu “só por si, já é difícil, especialmente em tempos em que os jovens que não estão habituados a frustrações e a lidar com problemas complexos como os que vivemos agora”.
Por sua vez, Tânia Torrinha salientou a questão dos afetos que, há mais de um ano, são algo que não consta na vida dos utentes da Estrutura Residencial para Idosos da SCML, que “gostam muito de um beijo, um carinho ou um abraço” e que estão privados disso, numa tentativa de salvaguardar a sua saúde. A animadora salientou também a falta do contacto intergeracional, especialmente com as crianças, algo a que estavam habituados.
Na sua intervenção, a bombeira Cláudia Simões, refletiu sobre o papel que estes profissionais têm tido no transporte de doentes (vítimas de Covid-19 ou não), admitindo que “a população idosa está muito receosa, especialmente porque têm que ir sozinhos, uma vez que não são permitidos acompanhantes, salvo menores de idade”. Com dois filhos menores e em idade escolar, Cláudia e o marido trabalham por turnos e, “se não fosse a retaguarda de outros familiares, seria muito mais complicado gerir as crianças em casa”.
Também a enfermeira, Joana Seco, assistiu à “necessidade de ajustar as equipas” e readaptar a forma de trabalhar, no entanto, “chegou-se a um ponto em que os turnos começaram quase a ser semanais” e teve que ser feito um ajuste na vida profissional e pessoal “pela incerteza do que se iria viver na semana seguinte ou nas próximas 24 horas”.
Joana Laranjinha, médica interna no Porto, salientou que “os primeiros tempos da Covid-19 foram muito complicados e apresentaram muitos desafios”, dando nota de que “o sentimento era de incerteza enorme”. Os médicos internos, como é o seu caso, “deveriam estar em período de formação” mas foram “chamados a tomar decisões muito importantes”, com consequência da falta de profissionais, ausentes por terem estado em contacto com o vírus. “Deixámos de ter uma noção do tempo pessoal e profissional”, pelo constante sentimento de incerteza do que se iria passar.
Este debate, com cerca de uma hora, disponível na página do Facebook da CML, soma mais de três mil visualizações e dezenas de comentários a parabenizar as convidadas e a autarquia pelas suas intervenções.
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