Carlos Ramalheiro
Acolhe-o hoje o tecto do mundo. Conservam-se, porém, os sentimentos de um passado longínquo, onde a nossa terra era aquela Lousã em que todos se conheciam e estimavam. Nascido em Vale da Velha, em 1945, mudou-se ainda novo com seus pais e irmãos para o lugar da Flor da Rosa, onde como vizinho o aprendemos a conhecer.
O amigo Rui Cunha era definido por um humor inexplicável, mas vincadamente humano, colocando-o – penso eu – como um lousanense de irreverência sadia. Em miúdos, trocávamos contenções irrisórias, meio a sério, meio a brincar, quando passava à Favariça, em direção ao comboio para Coimbra, nos seus tempos da Universidade. Três anos mais velho do que eu, é fácil vaticinar quem era o ‘vencedor’!
Mais tarde, em 1966, nascem as Festas de Verão na Alameda Carlos Reis, com o Rui integrado na organização e na apresentação das mesmas, coadjuvado pelo inesquecível amigo Vieira. Pela sua voz sugestiva e eloquente, imbuída de sarcasmo, lhe foi atribuído o título de ‘Solnado Lousanense’.
Julgo que os seus amigos, com ele fundadores do Trevim, a 1 de outubro de 1967, que o conheceram melhor do que eu, o vão tributar como merece. Nesta vida, concluo, tudo é reciclável. Tudo, menos a alma. Que a tua descanse em paz, velho amigo. Os nossos sentidos pêsames a toda a família.
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