Filipe Paiva, motociclista de 42 anos, concluiu os Seis Dias de Trial da Escócia — realizados de 5 a 10 de maio de 2025, em Fort William. Após seis meses de preparação intensiva, o lousanense cumpriu o principal objetivo: terminar uma das provas mais exigentes da modalidade.
“Chegar ao fim, depois de seis dias ‘super’ difíceis, não é fácil”, sublinha Filipe Paiva em entrevista ao Trevim. O piloto da Trialmotor conduziu oito horas por dia e percorreu mais de 700 quilómetros em terrenos montanhosos, lamacentos e com obstáculos naturais. “Chegavas ao final do dia estourado e depois pensavas: amanhã tenho outro [dia] igual. Até apanhares o ritmo… cuidado”, descreve o lousanense.
De acordo com o motociclista, “o objetivo principal era conseguir chegar ao fim”. Meta pessoal que foi cumprida, tendo regressado a Portugal com o sentimento de dever cumprido e prometendo regressar à Escócia em 2026. “Para o ano vai ser diferente. Já sei aquilo que me espera. Já sei aquilo que tenho de treinar. Já sei o que tenho de levar”, complementa.
Filipe Paiva fechou a participação no 183.º lugar da classificação geral, num total de 288 pilotos. No escalão de estreantes (‘newcomers’), alcançou a 33.ª posição, num grupo de 73 concorrentes. Entre os competidores com mais de 40 anos (‘over 40’), terminou em 49.º lugar, num universo de 96 participantes. O lousanense está confiante que a sua prestação lhe assegurou o regresso à cidade de Fort William no próximo ano, sendo pertinente recordar que a participação nos ‘Seis Dias de Trial da Escócia’ apenas é possível mediante um convite da organização.
“A treinadora preparou-me de uma forma, que eu nunca me tinha preparado em todos estes anos de competição. Termos treinos de ginástica localizados, fortalecimento de braços… fizemos 1001 exercícios”, revela o piloto. Durante meio ano, Filipe recorreu a uma preparadora física e realizou treinos diários. Aspeto que, como destaca o próprio, foi essencial para superar as adversidades que sentiu durante a prova e cumprir o seu principal objetivo: aguentar os seis dias de competição até ao fim.
A distância dos percursos sofreu alterações diárias. Na primeira prova, por exemplo, o lousanense conduziu cerca de 170 quilómetros. Já no último dia, o itinerário não ultrapassou os 76. No total, o piloto da Trialmotor percorreu cerca de 764 quilómetros nos seis dias de competição.
Durante as jornadas diárias, além da mota, os competidores apenas podiam levar uma mochila. Quando questionado sobre quais os objetos que, imperiosamente, tinham de o acompanhar durante as oito horas de prova, o motociclista responde de imediato: “basicamente, ferramentas”. Estes equipamentos permitem a reparação dos motociclos durante a competição, em particular os pneus, sendo comum o surgimento de furos devido às condições adversas nas quais os condutores têm de circular. “Eu tive sorte porque só descolei o pneu de trás”, confessa Filipe Paiva. Embora reconheça que, sem as ferramentas, nesse dia não teria chegado ao fim do percurso e sofreria penalizações.
A experiência do motociclista, na competição de trial mais antiga do mundo, está documentada nos destaques da sua página de Instagram (@trialmotor). A presença na prova contou com o apoio do Município da Lousã, a par de outros parceiros comerciais como Serrana – Água de Nascente, Quintal de Além do Ribeiro, Milwaukee, TRS Motorcycles, SIL Lubrificantes, Viola Coach, MOS, S3 Parts e Autolook, que ajudaram Filipe Paiva a reunir cerca de 15 mil euros para participar na competição.
Os “Seis Dias de Trial da Escócia” é a competição mais antiga do mundo desta modalidade, tendo ocorrido pela primeira vez em 1909.
Impacto positivo na Lousã
Os contactos que estabelece nestas competições internacionais são, segundo o motociclista de 42 anos, uma mais-valia para a Lousã.
Na sua perspetiva, o concelho reúne ótimas condições para a prática de trial, tendo despertado o interesse de cidadãos estrangeiros que pretendem visitar a Serra da Lousã. “Estamos na iminência de começar algo novo aqui no município”, revelou o piloto da Trialmotor.
Confessou ainda já ter visitado casas em Casal de Ermio, por exemplo, a pedido de pessoas do estrangeiro que querem mudar-se para o concelho.
Nesta perspetiva, também a Trialmotor começa a colher os frutos que semeia há 10 anos já que “começam a olhar para este espaço [Quintal de Além do Ribeiro] e percebem que temos capacidade de acolher os amantes e praticantes de trial ao mesmo tempo que existe capacidade de alojamento para quem vem de fora”.
Pedro Cunha
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