A representar a escola de ciclismo da Efapel, o lousanense Fábio Fernandes e atual bicampeão de contrarrelógio faz um balanço ao Trevim da sua carreira desportiva e garante agarrar qualquer oportunidade que surja na modalidade
Quando começou o gosto pelo ciclismo?
Talvez tenha começado quando a empresa Efapel entrou nesta modalidade. Comecei a ver de perto tudo o que se passava e, sem dúvida, que mexeu muito comigo. Nessa altura tinha cerca de 15 anos.
No teu currículo desportivo já somas inúmeras medalhas e troféus. Quanto “custam” estas vitórias em horas de treino?
Depende muito da fase da época em que me encontro. Se for num momento inicial da época, ronda em média as três horas diárias podendo chegar até às seis horas.
O que significa para ti, numa idade tão jovem, ser presença assídua nos pódios?
Mostra que todo o trabalho que desenvolvo diariamente reflete-se no meu futuro e deste modo estou sempre motivado para continuar a trabalhar da mesma forma que tenho vindo a demonstrar.
Tenho tentado ao máximo manter o foco e não deixar que outras situações me retirem o que necessito para continuar.
Neste momento representas a escola de ciclismo da Efapel. Que aprendizagens destacas nesta escola?
Aprendi muito sobre o ciclismo, mas também enquanto pessoa. Vamos ganhando maturidade para enfrentar vários problemas da nossa sociedade. Aprendi a saber ouvir a voz da experiência e com isso posso evitar algumas situações que mais tarde me poderiam afetar de algum modo. Sem dúvida que cresci muito dentro desta equipa como atleta, mas como pessoa foi ainda mais.
A nível pessoal, como concilias os estudos, com a vida pessoal, o ciclismo e as viagens para competições?
Costumo dizer que quando gostamos muito de uma coisa fazemos tudo o que está ao nosso alcance para a vermos concluída. Em tudo o que me envolvo tenho a consciência que dei o meu melhor e isso dá-me forças para continuar no futuro a dividir a minha vida pessoal com o ciclismo, tornando ambos os mundos possíveis ao mesmo tempo.
Qual a prova mais marcante até hoje? Tens memória de algum momento decisivo?
Talvez o Campeonato da Europa tenha sido a prova que mais me marcou pelo lado negativo. Ia com um objetivo estipulado e devido a um fator que não dependia de mim nem do meu trabalho fui forçado a abandonar. Pela positiva talvez os títulos de campeão nacional deste ano.
Num ano de tão poucas oportunidades, sagrar-me campeão nacional demonstra toda a consistência dos meus resultados e que continuo um atleta bastante regular mesmo atravessando este período difícil.
Houve alguma situação em que pensaste desistir?
Desistir não, talvez parar por uns tempos para refazer ideias. Tinha na minha cabeça parar a competição durante algum tempo. No entanto tive as pessoas certas ao meu lado e que mais uma vez me abriram os olhos e evitaram esse cenário, que seria terrível…
A pandemia afetou a tua carreira desportiva?
Sim, afetou-me a mim e a todos os desportistas em geral. Esta seria uma época decisiva pois iria ter oportunidades que jamais poderei viver. No entanto estou de consciência tranquila que não será devido a este ano que serei melhor ou pior no que faço. Se as oportunidades surgirem novamente irei estar preparado para as enfrentar como até então, nunca mudando a minha maneira descontraída, no entanto, focada de encarar as coisas.
Para o futuro, quais são os teus planos? Queres apostar numa carreira no ciclismo ou pretendes conciliar com outra profissão?
É impossível conciliar o ciclismo de alta competição com qualquer profissão. O ciclismo ocupa muito tempo diário e o repouso é algo que temos de ter em conta. Sendo a carga de treinos tão elevada temos também de estar o máximo de tempo a repor as energias que são fundamentais para o nosso desenvolvimento enquanto ciclistas.
Se surgir uma boa oportunidade para me dedicar 100% à modalidade, irei agarrá-la com tudo o que tiver ao meu alcance. Se não surgir, terei de procurar um novo mundo para me dedicar profissionalmente fazendo algumas voltas de bicicleta com amigos e umas provas amadoras. Tenho a certeza que o “bichinho” irá permanecer dentro de mim durante muito tempo, e, portanto, é quase impossível deixar as bicicletas de vez.
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