Casimiro Simões
A moda do passadiço de madeira é como a moda do “bailarico saloio”: não tem nada que saber. Em poucos anos, Portugal perdeu em ferrovia e não ganhou em estradas locais e regionais. Ganhou, porém, em passadiços turísticos por todo o lado!
Com raras exceções, há nestas estruturas uma moda tonta, pelos vistos muito apreciada, formatada para bons negócios com fundos europeus, faltando aos decisores a desejável ponderação que, em cada caso, coloque todos os dados nos pratos da balança.
O país está enxameado de passadiços que agridem a paisagem e ameaçam áreas naturais protegidas, com milhares de visitantes a terem acesso fácil, que antes não tinham, a lugares onde descarregam lixo e poluição sonora.
Já não bastavam as torres eólicas nas nossas serras, com ruído e poluição visual, levando muito e deixando pouco, e temos agora autarcas de diferentes partidos inebriados com a sumptuosa moda do passadiço.
Quase não há presidente algum, nos municípios portugueses, que não tenha ou sonhe vir a ter o último grito das estacas e tábuas tratadas contra o bicho!
Dinheiro a rodos chega mais depressa de Bruxelas para estas palafitas perecíveis do que, por exemplo, para um transporte ferroviário digno do desenvolvimento do século XXI.
Muitos dos eleitos deixam-se embalar por um canto de sereia que, mais tarde ou mais cedo, resultará em dano para as comunidades.
Entre nós, como estão os caminhos e estradas da Serra da Lousã? Que segurança contra incêndios existe nas aldeias e noutros pontos de elevada procura turística?
Ante crises e guerras que assolam o mundo, são sérios os riscos climáticos, económicos, políticos e sociais que temos pela frente.
Os passadiços, tanto no litoral como na montanha, exigem manutenção e reposição, pois têm uma duração muito limitada e ardem com facilidade.
Dentro de alguns anos, Portugal pode ficar manchado por extensões enormes de tralha de madeira ao abandono, por desleixo e escassez de recursos.
A não ser que a crescente baixa da natalidade seja invertida. Ou que nunca falte dinheiro fresco da Europa, o que será difícil.
Os passadiços da Lousã, parcialmente encerrados após abatimento do solo, na primavera de 2021, aguardam pela estabilização. Incerteza e risco estarão presentes em qualquer solução que venha a ser adotada pela autarquia.
Mais de dois anos após a sua abertura, tivemos euforia e desilusão, além de falta de transparência quanto às propostas de estabilização. Até agora, a Câmara negou ao Trevim acesso a um relatório técnico que pagou e cujas conclusões devem ser públicas.
bastava conhecer um pouco do terreno para se saber o que ia acontecer ??