Fortunato de Almeida, diretor do Trevim
A comunicação é cada vez mais instantânea e global e faz-nos pensar até que ponto o local tem um lugar de destaque na sociedade. Vários autores vêm alertando para o distanciamento que esta era global tem provocado. Alguns sustentam a tese de que a mundialização e a globalização são apenas expressões que nos ajudam a construir e a compreender a atualidade. Afirmam que a globalização está conotada com a noção de desenraizamento, homogeneização, perda de referência e identidade e o desequilíbrio de forças, explicando que “quando as notícias longínquas nos chegam á hora dos noticiários da noite, apercebemo-nos que nada sabemos do que se passou ao fundo da nossa rua”. A ideia do local é, para estes autores, um lugar de resistência ao desenraizamento e à homogeneização, onde as pessoas se conhecem, convivem e reúnem fortes laços de proximidade.
Neste contexto, o jornalismo local e regional, continua a ter um lugar de destaque na sociedade e a sua importância cada vez mais realçada com o avançar do tempo. Na “era da aldeia planetária” as pessoas contentam-se com uma pincelada breve de conhecimento sobre o que se passa de importante no mundo, mas querem estar ao corrente, com mais pormenores, do que se passa na vida sócio/económica/política/ desportiva do seu bairro, do seu concelho.
Talvez seja por esse motivo que, mesmo apesar das dificuldades económicas, que a imprensa local e regional, em função do seu compromisso e do seu pacto comunicacional com o território onde opera, se implantou. Perante este facto e perante esta implementação, cada vez mais os meios de comunicação locais têm a missão de facilitar a organização das comunidades específicas onde atuam e de oferecer soluções por meio dos quais os pequenos grupos possam ver e identificar os seus anseios e oportunidades, abrindo portas para que circulem as vozes daqueles que não encontram nem outros meios nem outros espaços para se pronunciarem.
Tais papéis, por vezes, não têm sido desempenhados como deviam. As fortes ligações com o poder económico e político, acabam por influenciar a linha editorial e todo o trabalho executado num órgão de comunicação social, quando prevalece o interesse financeiro em detrimento de serviço público. O jornalismo local e regional estará, portanto, sempre à procura de encontrar um equilíbrio que lhe garanta independência e identidade próprias face a estas questões.
No Trevim com a experiência acumulada de mais de 55 anos de existência e a atingir nesta edição o número 1500, “achamos” que é necessário padronizar a atribuição de apoios aos órgãos de comunicação local e regional.
Como, por exemplo, a nível das Câmaras e Assembleias Municipais locais. Nós, no Trevim, temos constatado que no rigoroso cumprimento do artigo 56º da Lei nº 75/2013, de 12 de setembro, publicam as suas “Deliberações e Decisões” nos órgãos de comunicação social dos respetivos concelhos, ajudando à sustentabilidade económica dos “seus” jornais.
E ainda, complementarmente e por esse meio privilegiado, levam a informação das ações que desenvolvem ao serviço dos munícipes. No Trevim, ainda não vimos acolhida quer pela Câmara Municipal, quer pela Assembleia Municipal da Lousã, a nossa petição nesse sentido. E vamos na edição nº 1500. É obra!
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