Fortunato de Almeida, diretor do Trevim
O jornalismo local, continua a ter um lugar de destaque na sociedade e a sua importância cada vez mais realçada com o avançar do tempo. Atualmente, as pessoas contentam-se com uma espreitadela breve de conhecimento sobre o que se passa de importante no mundo, mas querem estar ao corrente, com mais pormenores, do que se passa na vida sócio/económica/cultural/política/desportiva do seu bairro, da sua freguesia, do seu concelho.
O jornalismo local pode ter um importante papel na sensibilização da comunidade para adotar um papel de cidadania mais pró-ativo, despertando os cidadãos para os seus direitos e deveres e atuando sobre os órgãos do poder no sentido da resolução dos problemas que os afetam.
Já não basta aos órgãos de comunicação local denunciar os problemas que afetam as comunidades onde se inserem. Têm também a obrigação de se envolver no esforço coletivo de promover o debate e a discussão em redor desses problemas.
E defender um jornalismo de proximidade, onde quem produz a notícia deve, preferencialmente, a ir confirmar no terreno, na comunidade que serve, no interior da qual trabalha, de que faz parte e da qual não se pode nem deve abstrair.
E acreditar que serão sempre estas notícias, que escapam à imprensa generalista, que garantirão aos órgãos de comunicação local, apreciáveis índices de fidelização/leitores
Talvez seja por esse motivo que, mesmo navegando num mar de crescentes dificuldades económicas, que a imprensa local, em função do seu compromisso e do seu pacto comunicacional com o território onde opera, vai resistindo.
Reconhece-se que as fortes ligações com o poder económico e político, acabam por influenciar a linha editorial e todo o trabalho executado num órgão de comunicação social, quando prevalece o interesse financeiro em detrimento de serviço público. O jornalismo local está, portanto, sempre à procura de encontrar um equilíbrio que lhe dê uma identidade própria, face a estas questões.
No Trevim com a experiência acumulada de 56 anos de existência e a atingir nesta edição o número 1526, “achamos” que é necessário padronizar a atribuição de apoios aos órgãos de comunicação local.
Como, por exemplo, a nível das Câmaras e Assembleias Municipais locais. Nós, no Trevim, temos constatado que no rigoroso cumprimento do artigo 56º da Lei nº 75/2013, de 12 de setembro, publicam as suas “Deliberações e Decisões” nos órgãos de comunicação social dos respetivos concelhos, ajudando à sustentabilidade económica dos “seus” jornais. E ainda, complementarmente, mediante a utilização privilegiada dos órgãos de comunicação local, levam a informação das relevantes ações que vão desenvolvendo ao serviço dos seus munícipes.
Exemplos disso, entre outros, o jornal de periodicidade mensal Mirante (Miranda do Corvo), o jornal de periodicidade quinzenal O Varzeense (Góis), para além dos jornais de Coimbra, que publicam regularmente as “Deliberações e Decisões” dos respetivos órgãos autárquicos.
No jornal Trevim, as receitas da publicidade e das assinaturas, são entendidas como algo de determinante para a sustentabilidade da Trevim – Cooperativa Editora e de Promoção Cultural, CRL. Esta sustentabilidade é presentemente uma matéria inseparável da elaboração das notícias. No caso das receitas publicitárias, a “troca” de serviços nunca pode implicar uma tentativa de interferência no que é noticiado, sendo que esta intervenção tanto pode ser da iniciativa de quem paga, como assumida por parte de quem informa. Mecanismos de defesa e da integridade ética quer interna quer externa, devem estar sempre vivos e atuantes.
A carência de recursos financeiros não pode nem deve conduzir a que haja qualquer tipo de vinculação a quem quer que seja enquanto gerador de receitas. Eventuais situações deste tipo podem conduzir á falta de espírito criativo e de imparcialidade, à dependência.
Com quase 57 anos de serviço público, o jornal Trevim orgulha-se de oferecer canais por meio dos quais todos os que o desejarem possam ver e identificar os seus anseios e oportunidades, abrindo assim portas para que circulem as vozes daqueles que não encontram outros espaços para se pronunciarem. Assim as queiram aproveitar.
0 Comentários