Os movimentos sociais mantêm uma estreita relação com os meios de comunicação social. Entre outras razões, porque a visibilidade, a projeção e a redução ou ampliação dos efeitos da ação destes movimentos se devem à forma, imparcial ou comprometida, como os média abordam e tratam jornalisticamente as atividades destes atores sócios políticos.
É sabido que as opções editoriais de jornais, revistas, rádios e televisões, entre outros meios, fazem com que uma ação concreta de um movimento social, como é o caso de uma manifestação, seja ou hiperdimensionada na sua importância, ou noticiada fidedignamente, ou simplesmente ignorada. Os dados da notícia, o estilo da reportagem, a existência de enquadramento, a introdução de comentários por parte do jornalista, a possibilidade da peça ou artigo ser debatida, a convocação de comentadores para discutirem o evento ou apenas o recurso a um deles, são aspetos que configuram uma dada leitura e interpretação daquela ação particular.
Para além disso, estes e outros aspetos podem também estruturar e condicionar a perceção, o juízo e o posicionamento da opinião pública sobre o papel, a importância, a necessidade e a oportunidade dos movimentos sociais e das suas atividades.
Seja como for, é importante sublinhar que o acompanhamento que os média possam fazer das ações de um movimento social, reduzindo ou amplificando a sua importância e alcance, não só provoca alterações na opinião pública e na formação das atitudes dos cidadãos, como produz também consequências políticas.
Conhecendo a influência dos meios de comunicação social, os movimentos sociais têm sabido aproveitar as vantagens e possibilidades abertas pela cobertura mediática, especialmente pela televisão. De facto, a projeção pública e o reconhecimento político de certos movimentos sociais, devem muito ao modo como os média valorizam ou promovem, de acordo com critérios exclusivamente jornalísticos, ou segundo outras motivações, as ações desencadeadas por esses movimentos
Este tipo de ações e iniciativas trazem vantagens para os movimentos sociais pois não só apostam na excecionalidade e impacto das ações, mobilizando e fazendo chegar a mensagem a franjas da população já menos recetivas a estilos de intervenção muito convencionais, como recolhem em ganhos de “tempos de antena”, cedidos por jornais, revistas, rádios e televisões e outros meios, que ocorrem avidamente a determinado tipo de intervenções.
Em contrapartida, os média ganham com as ações mais ostensivas e irreverentes dos movimentos sociais, pois o fundo de entretenimento que resulta da espetacularidade das ações de protesto e das suas implicações, convida ao interesse e fidelização de leitores e telespetadores, fazendo subir tiragens e audiências.
Fortunato de Almeida
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