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Mulher que vieste de longe – Joanne Gribler

Maria Laranjeira

O lugar continua lá! Mas a abóbada (Dome) há quatro anos que só tem a estrutura. No entanto, não deixa de exibir, pendurados, alguns panos com que Zara e Malik se penduram e reinventam os céus.

Sim, foi há quatro anos que um grupo de trabalho, apanhado em plena sessão de yoga do riso, fugiu às chamas, chorando em gargalhadas…

Mas houve renascimento das cinzas. A Aldeia das Fadas prova-o. É um incentivo para as crianças poderem brincar com a civilização que desejam criar. Constrói-se esperança e otimismo, que são os pilares da filosofia de Ana Banana, Joanne Gribler de registo, uma mulher que foi palhaça desde a mais tenra idade, fruto de um ambiente familiar propício.

É inglesa, mas nasceu na Costa da Sol, tendo vindo para Portugal apaixonada por um português, integrada na Companhia de Circo Marimbondo.

Com uma infância feliz, nunca esqueceu a criança que foi e isso tem-na acompanhado vida fora. É daquelas mulheres sem idade, com a sua criança tão viva, tão viva, que encanta logo ao primeiro olhar. A criação do seu mundo das fadas mostra precisamente isso. Cria e brinca, sozinha e com as crianças, sendo sempre menina, outra vez, outra vez… Munir-se da sua criança foi a salvação para seguir viagem pelos sobressaltos da vida. Descobrir o riso como terapia e implementá-lo em Portugal, foi o segredo que nos revelou.

Joanne Gribler nasceu em Málaga no ano de 1970

E quando falávamos destas coisas, a Ana confessou-me que quando me conheceu, já há tantos anos, fez logo uma ponte comigo porque percebeu que eu também tinha a minha criança acordada. Que bom ouvir isto, de fora, quando se sente isto, por dentro… De facto, as nossas gargalhadas ecoam uma na outra.

Com cerca de duas décadas de Lousã, refere que esta vila oferece três presentes: 1) População muito acolhedora, porto seguro para o emigrante, com uma Câmara Municipal atenta à cultura. 2) Beleza natural, com montanhas, cascatas, lagoas, aldeias, castelo, por onde passeia, recordando a cidade de Antígua, na Guatemala. 3) Ser possível exercer uma profissão dedicada à alegria, a sua grande arte, expressa de muitos modos.

Enche-se de contentamento quando diz que pode educar os seus dois filhos, sem barreiras. Ela preferiu o ensino público e ele, o ensino doméstico. Estas duas realidades nunca foram incompatíveis e soube gerir muito bem os requisitos do que foi o ensino da Zara, que agora voa pelo mundo, e do Malik, que mostra a polivalência que o ensino doméstico faculta.

Faz questão de salientar que estas crónicas chegam num momento incrível, pois por contraste com um país como o Afeganistão, onde se humilham profundamente as mulheres, existe Portugal, e particularmente a Lousã, que vive este momento poético, ao celebrá-las. Tal iniciativa inspira, incentiva…

– As mulheres são a minha realidade, Ana!  

Por: Maria Laranjeira

Tags: 1468 | Crónica
Autor: Jornal Trevim

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