
Num lugar bonito nasceu e cresceu, com paisagem sedutora e numa vivenda bem confortável, onde nem coelhos faltavam. E ela cedo se apercebeu disso. A mãe afadigava-se a procurá-la e, ooopppsss, onde estava a pequenita? Na casa dos bichinhos!
Apesar desta infância aparentemente sem preocupações, a doença pulmonar que perturbou seu pai e, por sentimento, toda a família, colocou-lhe tristeza na alma. Mas tudo se foi superando e, adolescente, ingressou no Liceu Maria Amália – Departamento de Queluz, onde foi feliz, embora escolhesse as suas amizades depois de observar o mundo humano. Por vezes, enganou-se. Muitas vezes, não.
Amante da natureza e das ciências, em geral, estudou com prazer estas disciplinas, não esquecendo o canto coral, com um professor que, ainda antes da Revolução de Abril, lhes ensinou músicas de José Afonso e outros, não esquecendo algumas do Padre Fanhais, dado ser compositor de algumas canções deste saudoso ser. E cantava tudo isto, com os seus amigos, no caminho da escola… Recorda, com muito carinho, os seus professores, salientando a familiaridade que existia, com um assalto, por exemplo, a casa da Reitora, no Carnaval! Tempos inesquecíveis, sem dúvida.
Os pais sempre a deixaram frequentar um lugar mágico, o atelier de Artur Bual. Era a “noivinha”, para o artista plástico. E não ia só! Na adolescência, já namorava com o Carlos (o futuro Arquitecto Carlos Santos) que, ainda hoje, é o seu companheiro, marido, o inseparável par. Casada com ele pelo Registo Civil, em 1975 e, pela Igreja, em 2000, com os filhos de ambos como padrinhos.

Nos finais dos anos 80, passaram um dia pela Lousã, viram uma quinta à venda, perceberam que era o lugar ideal para os seus cavalos e não olharam para trás… nem para dentro! Fizeram logo a escritura e depois pensaram no modo de reconstruir a casa, entrando nela. Com os cavalos cá, com os dois filhos mais velhos a adorarem as visitas a esta terra, não resistiram à mudança.
Aqui vivem há mais de trinta anos, embora não no mesmo sítio.
Desde Técnica de Raios X até Arquitecta Paisagista, foi tendo profissões díspares, polifacetada como sempre foi.
Aqui na Lousã nasceu o filho mais novo, o Nuno Miguel. A família, e todos nós, perdemo-lo há dez anos. Diz que o luto dela nunca foi negro. Cada elemento da família e amigos, vai gerindo a perda conforme sabe e pode, num processo que não terá fim.
Sabe que o Nuno Miguel nunca foi dela, nem de ninguém.
É grande como o Universo!
E eu cada vez mais me apercebo que a música levará esta mãe a fazer das notas, coração, num piano tocado a quatro mãos e dois afectos. Até à eternidade!
Por: Maria Laranjeira
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